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Os problemas que afetam Atafona e Grussaí, na vizinha SJB, vêm de longe, de décadas. O município não recebia royalties do petróleo nem sonhava com o Porto do Açu. Logo, a iluminação pública, – melhor dizendo, ‘escuridão pública’ – era comum, bem como as ruas esburacadas, o matagal nos terrenos que acumulavam lixo e insetos transmissores de doenças, a falta de segurança e por aí segue, numa penúria em série.
Justiça seja feita, dentro das limitações, desde sempre os governos realizaram obras e melhorias. Exemplo emblemático foi a administração João Francisco de Almeida, cujos esforços em muito beneficiaram os balneários.
Observe o leitor, não estamos a tratar da questão do avanço do mar em Atafona que, se nenhum dos vários projetos discutidos sair do papel, mais cedo ou tarde – 20, 30, 50 anos… – vai alcançar Grussaí. Não. Trata-se dos velhos problemas de sempre: abandono, escuridão, insegurança, lixo, etc.
Mandato – A prefeita Carla Caputi está completando 20 meses de governo. Recebeu a administração passada com quase 260 milhões em caixa e, afora boas iniciativas vistas num primeiro momento – entre elas melhorias e iluminação do Balneário, postos de saúde e realizações em outras áreas – a penúria continua a mesma, desproporcional a um município com menos de 40 mil habitantes.
Mais ainda, nem a areia que se forma no asfalto em Atafona é retirada o suficiente. Venta? Claro que sim. O que constitui mais um motivo para que a remoção seja constante e permanente – o que não acontece.
Como imagens falam mais que palavras, basta olhar. A foto 01 (ver miniatura acima), tirada em agosto do ano passado, com boa parte do asfalto livre. Três meses depois a areia já estava bem adiante (foto 2), conforme publicado na edição de 05 de janeiro de 2023.
Rua ‘virou’ areal – A situação tomou tal proporção que cinco moradores fixos e/ou frequentes, protocolaram abaixo assinado dia 16/09/2022 pedindo providências, porque os carros eram obrigados a dobrar antes da areia acumulada no asfalto. Com o pesado tráfego de veículos, ônibus e caminhões, a camada de saibro da referida rua (fotos 3 e 4) – que está fora da área de risco – virou um areal. Os carros tinham que que dar meia volta. (*Fotos de leitores tiradas de celular).
Agora, o que era ruim continuou ruim. Imagens feitas semana passada, em 04/12 (foto 5), mostram que a areia bloqueou a entrada de duas ou três ruas (antes livres), obrigando os motoristas a entrarem na rua conhecida como ‘dos 4 bicos’, ou ‘4 pontas’, que igualmente deverá virar um areal.
Onde fica – Bem entendido, trata-se de ruas fora da área de risco, aproximadamente no meio, entre o antigo clube – que há anos foi destruído pelo mar, mas sem afetar a rua de calçamento – e a última, ao lado do Corpo de Bombeiros.
Falando de forma leiga, basicamente o avanço se dá paralelo ao mar, de fora a fora, mas nos últimos 20 anos não ‘entrou para dentro’, ao menos de forma avassaladora. Fosse diferente, e já não existiriam a Igreja de N. S. da Penha ou o Trevo do Pescador.
Forçoso reconhecer, a velha política do ‘pão e circo’ continua vigorando: muitas festas o ano inteiro, circuito junino, shows & shows, mas o básico, que permite que residentes permanentes, frequentes e até mesmo eventuais, ao longo do ano procurem outras praias onde encontrem o mínimo necessário.
À prefeita ainda resta um ano e alguns dias de governo. Reúne qualidades que podem fazer a diferença e abrir um novo ciclo desenvolvimentista. Para isso, precisa vontade política e, principalmente – enfatize-se –, que o governo atenda demandas estruturais nem sempre cobradas pelo povo mais humildade, o que não retira do poder público o dever de realizá-las.
Torçamos para que os balneários sanjoanenses entrem no século 21, ganhem em modernização e tecnologia estrutural, e ocupem a posição que merecem, pondo fim a telefones divulgados no site que sequer atendem o consumidor para trocar uma lâmpada queimada. Recurso é o que não falta.