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Quando chega fevereiro, o calor aumenta e a ansiedade pelo Carnaval também. A folia começa cedo com trio elétricos e shows. Muitos
se pintam, usam máscaras, tiram máscaras, viram monstros, mandus (foliões mascarados usando um casaco grande com uma cabeça
de tamanho exagerado), bonecões, bois e mulinhas se vestem de irreverência e folia. Muito glitter e purpurina. É Carnaval e pronto.
Se os festejos de Momo do passado eram melhores, não sei.
Era a época de muito confete, serpentina, lança perfume, corsos
com pierrôs e colombinas. Na verdade, o que tenho saudade é
dos meus dezoito anos. Ou melhor: Carnaval com essa idade é
mesmo uma maravilha.
Hoje minha folia é assistir aos desfiles das escolas de samba,
de alguns blocos de rua e ainda, dos blocos sala e quarto, TV e
livros. Só não podem faltar pipoca, um salgadinho ou outro e,
por vezes, uma cervejinha porque ninguém é de ferro. Cerveja e
Carnaval combinam. Mas se beber, não dirija!
Muitos querem mesmo é tirar os pés do chão, soltar a voz e botar o
loco na rua pra valer até quarta-feira.
Os baianos inventaram os trios elétricos no início dos anos de
50 que se espalharam pelo país. “Só não vai atrás do trio elétrico
quem já morreu, quem já botou pra rachar, aprendeu que é do outro lado, do lado de lá do lado …” (Caetano Veloso)
Já a cidade de Recife acorda bem cedo no sábado com o bloco
Galo da Madrugada no ritmo do frevo e do maracatu e sabe-se lá
quando os milhões de foliões, turistas ou não, irão dormir.
O desfile dos bonecos gigantes de Olinda é reconhecido mundialmente pela graça e criatividade. Eles arrastam milhares de pessoas pelo centro histórico da cidade.
Uma vez tive a oportunidade de passar o Carnaval em Pernambuco. Como foi incrível! Brincamos na rua os quatro dias. Fomos no Marco Zero, desfilamos atrás do bloco Vassourinhas, dos Caboclinhos e dançamos muito ao som de Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Alceu Valença.
Um Carnaval diferente é o do ritmo frenético da Festa do Boi-
-Bumbá no Festival Folclórico de Parintins, a 369 km da capital
Manaus. Os foliões vão ao delírio com as toadas dos bois Caprichoso (azul) e do Garantido (vermelho).
Para quem, assim como eu, não vai “entrar na folia”, vale a dica
de leitura: O país do Carnaval do escritor Jorge Amado. É um romance que aborda a imagem festiva e contraditória do Brasil.