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Artigo | Rodrigo Lira – Doutor em política, professor e pesquisador do programa de doutorado em Planejamento Regional e Gestão de Cidades da Universidade Candido Mendes.
E chegamos a 2024 sem virar uma Venezuela, tampouco se aproximar dos resultados dos nossos hermanos argentinos, contrariando as previsões de Paulo Guedes. Assim, com base apenas em fatos e fontes confiáveis, evitando, dessa forma, as fake news, vale refletir sobre a performance do primeiro ano da política econômica do Governo Lula. Ressalto a questão da fidelidade das fontes, pois o submundo do WhatsApp ainda ferve como na época da campanha eleitoral de 2022, insuflando o ódio e tendenciando notícias de acordo com as conveniências, mantendo a polarização ainda em alta.
Me parece ser indiscutível, até mesmo para os oposicionistas mais radicais, que a política econômica vem melhorando. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apesar das muitas desconfianças iniciais, tem conquistado admiradores não só no segmento empresarial, dos mais conservadores, mas até mesmo do pessoal da Faria Lima. No final de dezembro de 2023, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira atingiu o maior patamar registrado na história, ultrapassando os 134 mil pontos.
Esse resultado é a consequência de uma série de conquistas que anima os investidores e aquece a economia, entre eles a queda da inflação prevista inicialmente, segundo o Boletim Focus, para 5,23%, ficando em 4,75% em 2023. Tal redução corrobora a tese do Banco Central sobre a necessidade de redução da taxa de juros do País, e a economia pode esperar nova sequência de reduções da taxa SELIC nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária – COPOM para 2024, movimento que também estimula o investimento empresarial.
Houve superação inclusive na previsão de crescimento da economia do Brasil de acordo com o Boletim Focus. O produto interno bruto – PIB aguardado ficaria abaixo de 1%, no entanto, excedeu o número em mais de 300%, ficando em torno de 3,20%, o que fez o País melhorar sua posição no ranking das maiores economias do mundo, ficando em nono lugar e superando o Canadá. De acordo com o Fundo Monetário Internacional, o PIB brasileiro deve ultrapassar os 2.13 trilhões de dólares. Praticamente todos os indicadores econômicos do Brasil em 2023 ficaram melhores do que os indicadores de 2022.
Somado a esses fatos, tivemos também, no final de 2023, a aprovação da reforma tributária. Discutida há décadas, foi resgatada no início do ano pelo ministro Fernando Haddad. Mesmo sem previsão de aplicação imediata, já vem gerando bons frutos, como a elevação da nota de crédito da agência de risco Standard and Poor’s – S&P, diante da perspectiva da simplificação dos tributos no Brasil gerando um melhor ambiente de negócios. Em estudos recentes, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada–IPEA e a Fundação Getulio Vargas–FGV sinalizaram que a reforma pode gerar crescimento adicional do PIB ao longo de sua implementação, que deve terminar em 2033.
Diante desses acertos da economia e perspectivas positivas e considerando ainda a polarização existente insuflada pelas redes sociais, resta ao presidente Lula refletir sobre seus discursos ainda em tom de campanha eleitoral e carregados de revanchismos. Os resultados falam por si só, não só na economia, mas na retomada dos programas sociais e na guinada na política internacional. O Brasil deixou de ser pária global e voltou para o jogo!
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