domingo, novembro 16

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Estamos começando a 2ª semana de 2024, porém, há que se levar em conta que a primeira despertou preguiçosa face às festas de réveillon e feriado já na segunda-feira. Logo, não é demais considerar que, agora sim, motor aquecido, engatamos a 4ª/5ª marchas e… ‘pé na estrada’, porque o Brasil tem pressa e precisa com urgência acertar os ponteiros com a política. 

Olhando friamente, o Ano Novo não é diferente do velho. Os problemas de 2023 não serão abrandados apenas porque virou a folhinha do calendário. A rigor, janeiro é um mês como outro qualquer, sendo absolutamente falso o imaginário de que as dificuldades ficam para traz e à frente encontramos um mar de rosas.  

Pedindo desculpas aos mais otimistas, que guardam a tradição do ‘tudo bem no ano que vem’, – nada a ver. Ressalve-se que o fator motivacional não deixa de ser bem-vindo e, tal qual caldo de galinha, não faz mal a ninguém. 

Contudo, a solução para as dificuldades que assolam o país só virá com planejamento minucioso e trabalho de qualidade. Com políticas públicas eficazes. Com a comunhão das autoridades constituídas visando o desenvolvimento, a melhoria de vida da população e distribuição de renda. Em suma, prosperidade e justiça social. 

Primeiros passos  
Logo, estamos a falar de uma mudança política radicalmente contrária ao ano que ficou para trás – a começar por desatar os nós que dividem o país. O conjunto de fatores enumerados no parágrafo acima não se concretiza em um, dois ou três anos. Mas é necessário dar os primeiros passos. Passos difíceis num Brasil engessado pela discórdia e preso por pesada âncora. 
Pré-condição a qualquer projeto político saudável – repita-se – importa acabar com a beligerância que divide o Brasil como poucas vezes se viu, senão nos anos de 2022 e 2023. Um país dividido em seus poderes e em sua gente. Divisão esta alimentada pela intolerância. 

Nos últimos anos, nunca se falou tanto em liberdade de expressão e democracia. Mas, paralelamente, ambas foram açoitadas. A separação ideológica e a não convivência pacífica com os contrários é um retrocesso desastroso.  

Recorra o leitor à memória e procure lembrar-se se na disputa entre Fernando Henrique e Lula da Silva (1998) o conceito de ser ‘de direita’ ou ‘de esquerda’ foi colocado nos debates como relevante. Não. FHC, de centro-esquerda; e Lula, de esquerda, não discutiram isso. Da mesma forma, José Serra e Lula. Isso porque essas concepções, não obstante ideologicamente presentes, não motivavam o voto. Foram superadas na 2ª metade do século 20, quando ambas, exceções à parte, convergiram para o centro. Assim, o Brasil assiste ao retrocesso, da mesma forma que vários outros países. Ressalte-se, 2023 foi um dos anos mais violentos do mundo após a 2ª Guerra, que terminou há quase 80 anos. 

Os dados 
Voltando ao eixo da questão, 2024 começa não apenas com a missão de avançar politicamente como, também, reverter o ‘legado’ negativo deixado. Exemplificando, a reprovação ao governo Lula, segundo pesquisas, subiu sistematicamente nos últimos meses. 

De acordo com levantamento da Quaest, divulgado pela Exame em fins de novembro, a avaliação negativa do governo no mercado financeiro subiu de 47% para 52%. No mesmo período (21/11), o Valor Econômico publicou que o Instituto Atlas Intel colheu que junto à população a avaliação negativa superou a positiva: 45,1% consideraram o governo ruim ou péssimo, ante 42,7% entre ótimo e bom. 

Em 20 de dezembro, o Poder360 divulgou pesquisa frisando que “no último mês do 1º ano, a aprovação do governo Lula chegou a seu nível mais baixo. Eram 52% os brasileiros que avaliavam positivamente a administração federal em janeiro, e agora são 46%”.  

O PoderData destacou ter feito 5 pesquisas nacionais em 2023, o que, segundo o Site, permite observar com clareza um viés de subida nos percentuais negativos. “Lula foi eleito em 2022 com 50,90% dos votos. Hoje, tem menos apoio do que isso.” 

(Vale mencionar que a 17ª live semanal de Lula, em 7 de novembro, teve a pior audiência desde a estreia, com pouco mais de 22 mil visualizações).   

Enquanto isso… pesquisa encomendada pelo Planalto, feita pelo Instituto Ipri entre 26 e 28 de dezembro, captou que 38% dos brasileiros avaliam o governo como “ótimo/bom” e 29% como “péssimo/ruim”. 

Virar a chave 
Enfim, este é o Brasil real, que desde 2014 pula de crise em crise sem encontrar um rumo para sua população de 215 milhões, subtraindo, é claro, os detentores de grandes fortunas e privilegiados. 

Sendo realista, o país começou o Ano Novo mal, com o PT desconectado do governo, lançando críticas sobre Fernando Haddad – um dos poucos que fizeram o dever de casa, juntamente como presidente do BC, Campos Neto – e já pensando na sucessão de Lula, que mal completou um ano de mandato. 

O país já esgotou a cota de erros. É hora de virar a chave e fazer valer que ‘todo o poder emana do povo’. Em sentido contrário, o pior ainda pode estar por vir.  

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