Dezembro Vermelho alerta para o risco das Infecções Sexualmente Transmissíveis
Dezembro, sinalizado pela cor vermelha, é o mês dedicado à prevenção à Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). E uma das formas de se prevenir do HIV é a PrEP, a chamada Profilaxia Pré-Exposição. Ela consiste em tomar comprimidos antes da relação sexual, que permitem ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o HIV. A pessoa em PrEP realiza acompanhamento regular de saúde, com testagem para o HIV e outras IST. Já a PEP, é a profilaxia pós-exposição, utilizada depois de ter existido uma provável exposição ao vírus. Especialistas apontam que ambas, combinadas com o uso de preservativos, são estratégias para controlar a disseminação do vírus.
Mestre em Doenças Infecciosas e Parasitárias, Márcia Rachid é referência no país e desde 1984 presta assistência a pessoas com HIV. Ela explica a importância tanto da PrEP quanto da PEP.
“São estratégias de prevenção com eficácia cientificamente comprovada. A PrEP consiste no uso diário de um comprimido que previne a infecção em caso de uma possível exposição ao vírus. Já a PEP é para quando acontece uma situação de risco e o indivíduo deve procurar uma unidade de saúde em até 72 horas. A partir daí, ele vai iniciar a profilaxia tomando dois medicamentos, durante 28 dias, para que não ocorra a infecção “, pontua.
Apesar do avanço da medicina, Márcia alerta que o uso de preservativo não deve ser desconsiderado. “O uso do preservativo continua sendo importante para prevenção do HIV e de outras ISTs. O tratamento antirretroviral também funciona como prevenção da transmissão, pois quem vive com HIV e se trata, mantendo carga viral indetectável, deixa de transmitir o vírus e, consequentemente, não oferece riscos. Testar regularmente é outra estratégia de prevenção, já que o diagnóstico precoce permite que o tratamento seja iniciado, interrompendo a transmissão.”
Campos
Em Campos, a Prefeitura informou que a Secretaria Municipal de Saúde, por meio do Centro de Doenças Infecto-Parasitárias (CDIP), oferece uma gama de serviços. Entre eles, a disponibilização de PrEP e PEP. No CDIP, são feitos testes rápidos, tratamento de sífilis, hepatites e acompanhamento de casos de HIV e de crianças expostas ao HIV. O programa realiza ainda iniciativas como testagens itinerantes e distribuição de preservativos.
O município afirma ainda que, no caso de usuários com diagnóstico de HIV, o CDIP oferta acompanhamento ambulatorial com consultas, exames específicos e dispensa mensal de medicamentos, através do programa DST/Aids e Hepatites Virais.
O CDIP, que funciona na Rua Conselheiro Otaviano, 241, Centro, das 7h às 19h.
Ativista reivindica maior acesso de tratamento à sociedade
Mestre em Saúde Pública e criador da Caminhos PositHIVos Consultoria em Saúde, o psicólogo Salvador Corrêa alerta que hoje no Brasil a PrEP não é disponível para a toda a sociedade, e defende maior acessibilidade:
“A PrEP deve ser considerada uma grande aliada para compor um leque de prevenção, seguindo a política de prevenção combinada. Essa política visa disponibilizar à sociedade a oportunidade de escolher e combinar prevenções. Porém, hoje no país ela é recomendada apenas para grupos considerados em situação de vulnerabilidade para HIV. Não é disponível para todas as pessoas que queiram fazer uso. Defendemos no movimento social que ela seja acessível para todos, que seja de fato uma forma de prevenção universal”, declara.
A PrEP e a PEP atuam apenas no combate à transmissão do vírus HIV. Para evitar outras ISTs, é indispensável o uso de preservativos. No Brasil, a PrEP é indicada para pessoas em situação de vulnerabilidade para o HIV. O que é definido mediante avaliação médica, conforme os relatos sobre a prática sexual, número de parcerias, uso irregular de preservativos e qualquer outro contexto que configure risco de infecção.