A partir desta semana começa a distribuição da vacina Qdenga no Brasil
A luta contra a dengue no Brasil começa a tomar um novo rumo a partir da próxima semana. O Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde anunciou, na quinta-feira (1º), a distribuição da nova vacina Qdenga para mais de 500 municípios selecionados pelo governo federal. No entanto, Campos não está entre as cidades beneficiadas. Enquanto a vacina de origem japonesa chega ao Brasil, outro imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan é esperança para o próximo ano, no combate à doença.
O que faltava para o início da distribuição era a tradução da bula do imunizante para o português, que é uma exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ao laboratório japonês Takeda, fabricante da vacina, que será resolvida pelo envio do arquivo em formato digital, de acordo com a ministra da Saúde Nísia Trindade.
A quantidade limitada de doses disponíveis, segundo a Ministra, fez necessária a priorização da faixa etária e dos lugares contemplados pela vacina. O público alvo da imunização são crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, que é a faixa etária que concentra o maior número de hospitalizações por dengue, atrás apenas dos idosos. Por conta da ausência de estudos clínicos direcionados a pessoas com mais de 60 anos, o imunizante ainda não é indicado.
A partir de fevereiro, a vacina Qdenga será distribuída por 512 municípios em 16 estados brasileiros, além do Distrito Federal, que compõe um total de 37 regiões que o Ministério da Saúde considera endêmicas para a doença, atendendo a três critérios: municípios com mais de 100 mil habitantes; registro alta transmissão de dengue no período 2023-2024; e maior predominância do sorotipo DENV-2 da doença. Por não atender a esses critérios, Campos dos Goytacazes e outros municípios do Norte e Noroeste Fluminense não estão na lista das cidades selecionadas.
“A vacina é nossa esperança para um futuro sem dengue, mas hoje não é o instrumento de maior impacto. Temos que, principalmente, prevenir e cuidar: fazer o controle dos focos do mosquito em nossas casas e cuidar de quem adoece. Contamos com todas e todos nessa campanha”, afirma a ministra da Saúde.
Vacina do Butantan
O Brasil também está buscando desenvolver uma vacina para a dengue e o Instituto Butantan, depois de 16 anos de pesquisa e desenvolvimento, está próximo de concluir o imunizante, chamado tecnicamente de Butantan-DV. A expectativa é de que a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ocorra ainda em 2024 e que as primeiras doses comecem a ser aplicadas já em 2025. O infectologista Esper Kallás, diretor do Butantan, afirma a possibilidade da rápida produção da vacina. “Se tudo correr bem, devemos conseguir a aprovação definitiva em 2025. Já temos infraestrutura para produzir o imunizante no Butantan, embora ela ainda possa ser aprimorada, afinal, são quatro vacinas em uma”, disse à Agência Fapesp.
De acordo com um artigo da “New England”, a vacina brasileira tem demonstrado uma eficácia de 79,6%, semelhante à Qdenga, vacina produzida por laboratório japonês, com 80,2%.