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Passado as festas de final de ano, verão e carnaval vem o que chamamos de Ressaca Financeira. Momento em que estamos endividados e ainda temos mais gastos de início de ano: material escolar, matrícula e rematrícula dos filhos, IPVA, IPTU, taxa de incêndio, fora aqueles velhos anúncios de aumentos em várias taxas. Resumindo: depois que a festa acaba, fica a bagunça! Agora é hora de limpar e organizar a casa!
A vida financeira é como uma faxina em casa. Lembra de quando iniciamos aquela longa faxina onde resolvemos jogar os acúmulos fora e liberar espaço no guarda roupas? Financeiramente também funciona assim! Agora é hora de uma faxina financeira, onde devemos colocar as finanças em ordem e liberar os gargalos. A grande causa de nosso endividamento é a falta de educação financeira no ensino básico, onde a população em sua maioria, ao invés de se planejar e prevenir esse tipo de situação, tende a remediar e correr atrás do prejuízo depois. Ta! Mas e agora, o que fazer?
O primeiro passo é você diagnosticar o problema, reconhecer os erros e mudar o comportamento por algum tempo. O segredo é educar-se financeiramente e ser disciplinado. Você sabe quanto ganha por mês? Sabe para onde vai cada centavo do seu bolso? Se você não consegue responder essas duas perguntas, é hora de ter mais gestão do seu dinheiro. Somente assim, será possível estudar e realizar uma diminuição em suas despesas ou até mesmo elimina-las.
O segundo passo é você sonhar! Quais são os seus sonhos para curto, médio e longo prazo? Relacionar quais são os seus sonhos ajuda a fazer sentido ao seu planejamento, afinal, sonho é o que nos move. Além disso, não faria sentido cortar gastos, direcionar receitas se não for por algum objetivo maior, como uma viagem, casa própria, aposentadoria, compra ou troca de carro ou até mesmo fazer uma reserva financeira para imprevistos e não ter de depender do cheque especial.
O terceiro passo é você colocar em pratica o seu plano de ação, ser disciplinado para realizar o seu planejamento e ter como objetivo a poupança. Já pensou em ter dinheiro investido? Pois é, você é capaz de ser um investidor ou até mesmo passar a planejar uma previdência privada para uma melhor qualidade de vida no futuro, claro que cada um dentro da sua receita mensal e de suas possibilidades.


Os principais fatores do endividamento do brasileiro são: a inflação, o desemprego, a carência de educação financeira e a falta de planejamento financeiro das famílias. De acordo com o SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), as principais causas do endividamento são: 18% pela diminuição da renda, 17% por imprevistos como morte, problemas de saúde, manutenção da casa e do carro, 14% perda de emprego, 13% alta dos preços e 12% falta de controle financeiro.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), o problema no Brasil é realmente grande, já que o endividamento familiar atingiu 78,5% em junho. Já no mês de novembro, fechou com 76,6%. Os maiores volumes de inadimplência são com bancos e financeiras, dentre estes o grande vilão é o cartão de crédito.
Para ajudar a revolver este problema, deixo 10 orientações para que tenha sucesso em seu planejamento:
• Ter um diagnóstico da sua atual situação financeira, cortar gastos desnecessários que em sua maioria são representados por gastos do lar. Esse corte de gastos pode chegar a fazer economia de cerca de 30% do orçamento com o lar. Quando você põe esse valor na ponta do lápis, ele se torna uma renda extra sem esforço, reduzindo apenas custos.
• Por em pratica um orçamento anual, mês a mês quais serão os gastos sazonais (Ex: Páscoa, Dia das Crianças, Dia dos pais, Natal, etc), contas a pagar fixas e seus recebimentos fixos.
• Nos próximos 6 meses tenha foco em seus gastos e compre somente o necessário. Adie seus desejos imediatos, evite entrar em lojas com liquidação ou grandes promoções e assim economize para a realização de sonhos futuros. Compre a vista e peça descontos!
• Se você estiver utilizando o cheque especial a mais de 3 meses ou parcelando as faturas do cartão de crédito, procure o seu banco e unifique estes gastos em um parcelamento que seja leve para o seu bolso. Além disso, evite novamente entrar no cheque especial e guarde o cartão na gaveta até o final do parcelamento.
• Já pensou em desapegar? Isso mesmo! Aqueles itens que você possui em casa e poderia vender para alguém que precisa mais do que você. Essa é uma oportunidade de você levantar um grana extra e pagar alguns custos de início de ano.
• Registre todos os gastos em uma planilha ou caderninho para ter uma visão abrangente do orçamento.
• Elabore um fluxo de caixa, separando o dinheiro mensal por finalidades específicas (contas fixas, lazer, educação, etc.). Avalie e corte gastos desnecessários caso não tenha um fluxo de caixa consistente.
• Priorize as contas, começando por aquelas com juros mais altos, como cartões de crédito.
• Determine o valor disponível mensalmente para pagar as contas e verifique se há linhas de crédito com juros mais baixos em instituições financeiras.
• Ao optar por acordos parcelados, assegure-se de pagar pontualmente todas as parcelas para evitar problemas no histórico de crédito.
Pronto! Agora você já está apto a iniciar o tratamento de suas contas, se livrar do sufoco e da ressaca financeira. Vai esperar a ressaca financeira bater ou tomará uma atitude desde já? Só depende de você!
Sandro Figueredo Economista- CORECON/RJ 2752