Doença atinge 36,88% dos adultos entre 20 a 59 anos no Rio de Janeiro

Saúde

6 de dezembro de 2023 – 9h13

Seminário promovido no Rio de Janeiro (Divulgação)

Mais da metade da população do estado do Rio de Janeiro registram excesso de peso, incluindo adultos, idosos e crianças. O dado alarmante foi apresentado durante o “I Seminário Estadual Linha de Cuidado Sobrepeso e Obesidade” realizado nesta terça-feira (5/12), no auditório do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IECPN), no Centro. O evento do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), reuniu representantes dos municípios para reforçar a importância do cuidado integrado diante de uma doença complexa e multifatorial, considerada uma epidemia mundial pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A secretária de Estado de Saúde (SES-RJ), Claudia Mello, que participou da mesa de abertura, reforçou a importância da elaboração de estratégias para a prevenção e o tratamento do sobrepeso e da obesidade, lembrando que a rede estadual conta com o Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE) no apoio às ações.

“Abraçar esse tema é de fundamental importância, especialmente para trabalharmos toda a linha de cuidado desde a atenção primária até uma eventual cirurgia bariátrica. Precisamos aproximar mais o IEDE nesta discussão frente à epidemia que já estamos vivenciando. A Secretaria de Estado de Saúde tem a função de promover a política pública, mas não podemos dispensar a potência da atenção primária. Nosso objetivo é evitar que a obesidade aconteça para abortar a chegada ao processo cirúrgico, especialmente o bariátrico. Temos um protocolo bastante ativo de cirurgias bariátricas no estado. É uma ferramenta muito valiosa, no entanto, é preciso também pensar que não pode ser o único recurso”, disse a secretária, que relatou sua experiência pessoal. “Tenho uma família de superobesos. É preciso pensar no apoio familiar para manter a saúde mental frente a essa população. Esse seminário reflete a nossa preocupação diante de um problema gravíssimo de saúde pública”.

Coordenadora Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Kelly Alves traçou um panorama do cenário brasileiro frente ao aumento da prevalência da obesidade no país, que vem se agravando desde o ano 2000. As maiores frequências de obesidade foram observadas entre os homens em Macapá (33,4%), Campo Grande (27,9%) e Porto Alegre (26,8%) e, entre as mulheres, em Fortaleza (29,8%), Cuiabá (29,7%) e Porto Alegre (29,6%). Além disso, mais de 50% dos idosos brasileiros têm excesso de peso.

“A partir de 2020, o Ministério da Saúde instituiu também um novo protocolo clínico para adolescentes, uma população que merece a nossa atenção. Além disso, ampliamos as nossas ações na regulação da publicidade, na rotulagem de alimentos, no programa de alimentação do trabalhador e junto ao PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), enfatizando a necessidade de uma alimentação natural e saudável”, explicou Kelly.

A nutricionista Luciana Pires, coordenadora da Área Técnica de Alimentação e Nutrição (ATAN) da SES-RJ, ressaltou que o estado do Rio de Janeiro registra 36,88% dos adultos entre 20 a 59 anos vivendo com obesidade. Já entre os idosos (com mais de 60 anos) 53,7% têm sobrepeso.

“A obesidade também está presente entre crianças de 5 a 10 anos, com 16,5%, e na faixa de 10 a 19 anos, com 13,5%”, enfatizou Luciana. De acordo com a pesquisadora, o cenário de alerta para a obesidade envolve todas as faixas etárias, com projeções de 400 milhões de crianças vivendo com obesidade até 2035; e 1 em 4 indivíduos (cerca de 2 bilhões) de adultos, ou seja, 41% da população brasileira até 2035 será obesa.
“No Rio de Janeiro, o sobrepeso atinge 68,4% de homens e 62,5% de mulheres. Ocupamos, respectivamente, a 2ª e 6ª posição no Brasil, com 65,2%. Já para a obesidade, ocupamos a 10ª posição no Brasil entre os homens, com 25,2%; e mulheres, com 27%”, afirma Luciana.

Durante a palestra “Prevalência do Sobrepeso e Obesidade – Construção da Linha de Cuidado no estado do Rio de Janeiro”, Luciana mostrou ainda diversos aspectos da população fluminense, especialmente após a pandemia de Covid-19.

“O aumento do peso corporal foi alarmante durante a pandemia de Covid-19. Também precisamos pontuar que esses números podem ser maiores porque tivemos baixos registros na assistência primária de saúde”, disse Luciana.

A construção da Linha de Cuidados às pessoas com sobrepeso e obesidade da ATAN-SES-RJ está sendo realizada por meio de convênio com Ministério da Saúde e a Universidade Federal de Ouro Preto.

“Recebemos todo apoio técnico e seguimos um cronograma de reuniões mensais. A inclusão do estado do Rio de Janeiro no convênio foi devido à prevalência e tendência de aumento das taxas de excesso de peso, além do protagonismo ATAN, que atua na gestão da estruturação e na implementação das ações previstas na Política Nacional de Alimentação e Nutrição-PNAN (Portaria n° 2.715, de 17 de novembro de 2011)”, observou Luciana.

Fonte: Governo RJ

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