segunda-feira, janeiro 20

Na presidência da CDL 28 anos depois de se tornar a mais jovem liderança lojista do país

Na última quinta-feira ele assumiu a presidência da Câmara de Dirigentes Lojistas de Campos (CDL). Com 50+, ele deve ter sentido um déjà vu, a sensação de já ter vivido aquele momento. E viveu: quanto tinha apenas 25 anos tornou-se o presidente mais jovem da história do movimento lojista brasileiro ao assumir exatamente o lugar que reocupa agora.

Com a mochila cheia de informações e experiências. Fábio Paes, que aos 23 anos foi parar no Japão para uma viagem de 40 dias, assume a CDL sobre o signo de mudanças globais, principalmente no comércio. Nesta entrevista ele conta que pelos mais de 50 países onde teve o seu passaporte carimbado, sempre teve um olhar de turista e outro de um empreendedor que quer aprender.

Fala também sobre as expectativas da economia para o ano que se inicia, sendo prudente e realista em cada uma delas. Em outras palavras, ele aconselha apertar o cinto porque teremos turbulência, embora diga que todo lojista é um otimista por natureza.

Considerado um dos melhores oradores de sua geração, Fábio sabe lidar com palavras e também com as ações. Em qualquer discurso que faça, sobre qualquer tema, uma palavra está sempre do topo: Deus.

Quase três décadas depois de você se tornar o mais jovem presidente de uma CDL na história do movimento lojista no país você retorna, em um cenário totalmente diferente no comércio até então. Como você avalia isso?
O fato de eu ter assumido pela primeiramente há 28 anos e de lá para cá ter mudado tudo no comércio, não vai causar muito impacto porque nunca me distanciei do comércio e sempre estive próximo de todas essas mudanças, principalmente estudando cada uma delas. Acompanhei todo esse processo e toda essa evolução. Minha família é de lojistas, então eu tenho isso no meu DNA e isso despertou em mim aos quatro anos de idade, quando passei a frequentar o centro. Viajo muito, estudo muito e pesquiso também. Participo ativamente de congressos, feiras e sempre participando da CDL  e de movimento dos setores produtivos.

Você considera muito relevante o chamado Terceiro Setor, e a CDL tem uma fundação, cuja sede foi comprada na sua primeira gestão. O que você pensa para o Terceiro Setor?
A Fundação sempre foi um sonho da CDL, e a gente se inspirou na Fundação da CDL de Belo Horizonte em Minas Gerais por ser um modelo nacional, na certeza de que também nos tornaríamos um. A fundação pode receber recursos do governo federal, do governo estadual, do governo municipal; Pode receber recursos de empresa privada para transformar tudo isso em qualificação de jovens em situação social vulnerável, qualificando-os para o mercado de trabalho. A gente tem uma dificuldade gigantesca de mão-de-obra qualificada e a CDL sempre foi preocupada com isso. Essa Fundação é uma ferramenta essencial oferecendo qualificação de forma gratuita e com alto nível.

Ainda na gestão de José Francisco, você foi o mentor do que talvez seja um dos passos mais fortes da CDL que diz respeito ao Centro, para ter um seminário quase que internacionalizado. Como é que você enxerga o Centro a partir daquele diagnóstico feito? 
Aquele diagnóstico foi profundamente importante não só para a CDL, mas para a cidade toda. No nosso seminário, para você ter ideia, nós tivemos ali 30% a 40% de lojistas participando e todo o resto foram engenheiros, arquitetos, professores, estudantes de arquitetura, membros do governo, formadores de opinião, pensadores da cidade. E aí a gente conseguiu disseminar aquele conhecimento todo para a sociedade pensante. Então, aquele seminário, alertou para um processo de mudança de pensamento, de mudança de paradigma. A gente teve acesso às experiências e metodologias, à projetos do Brasil inteiro que deram certo e também o que não deu. Então a riqueza daquele seminário é forte, norteando a partir de então outras ações e a primeira delas foi a gente entrar na rede nacional de projetos de revitalização de centros urbanos, que ocorreu em Brasília dias após sua realização.

Fábio, nós temos várias entidades representativas de classe, de todos os segmentos, comercial, industrial e tal. Há uma luta sempre muito grande do gestor da CDL, de quem preside da CDL, em reunir esse pessoal em torno de uma mesma agenda, de uma mesma pauta. 
A CDL tem total afinação com as outras entidades, eu faço parte também da Firjan, o Mauricio Cabral da ACIC é um parceiro nosso há bastante tempo, e torço pela revitalização da Carjopa. Então eu percebo que vai ser muito fácil esse diálogo com essas entidades. Eu conheço todos e todos me conhecem. Então a conversa vai fluir e a gente vai conseguir fazer muita coisa junto.

Aos 23 anos, antes de você ser presidente de CDL, você foi passar sozinho mais de um mês no Japão. Você conhece o comércio do mundo. Você foi à China. Fale um pouco dessas experiências.
Eu tinha 23 anos, quando eu fiquei lá no Japão durante 45 dias. Sempre fui muito curioso. Sempre gostei muito de viajar, não apenas com o olhar turístico, mas com o olhar de aprendizado. Então, eu rodei os Estados Unidos todo, a Europa toda, o Oriente Médio, China, Camboja, Japão, Nepal. Eu rodei a África também, e sempre com o olhar, claro, turístico, mas também com o olhar curioso do que está acontecendo naquelas cidades. De modernidade, das experiências que eu tive no comércio dessas cidades, a organização das cidades, desses lugares todos. Então tudo isso gerou uma bagagem que eu carrego desde novo. Tudo isso hoje aguça meu olhar para o desejo de que Campos também consiga respirar um pouco dessa modernidade que existe no mundo, que está aí, que as pessoas já praticam isso no mundo inteiro e mostra para a gente que é possível também. Então eu fico feliz de ter tido essa experiência e agora poder colocar essa experiência toda em prática.

Qual a expectativa na econômica para esse ano e também para 2026? Alguma expectativa que te anime?
Animado, todo empresário, todo lojista, é por natureza, essa coisa de, não desiste nunca. Mas temos que ser realistas porque o ambiente para o empresariado no Brasil não é um ambiente muito favorável. Recebemos pouco estímulo. Os empresariados são os que geram mais empregos, geram renda, geram impostos, tributos e sustentam o todo o país. Agro, indústria, comércio, serviço, todos são empresários. Então, sim, dizer que a gente vai ter uma visão totalmente positiva neste ano seria algo meio equivocado. A gente tem um ano preocupante, que depende de uma série de fatores como por exemplo o equilíbrio fiscal do governo federal, A gente precisa de uma rediscussão da reforma tributária que está prevendo penalizar todos os segmentos da atividade produtiva e o contribuinte como um todo. Então, são desafios que teremos que enfrentar nesse ano. E aí, quando a gente olha pra isso tudo,  já começamos a ficar meio assustados. Taxa de juros alta, reforma tributária para ser implementada, ajuste fiscal desorganizado, inflação febril e insegurança jurídica. As medidas do governo não estão sendo suficientes para equilibrar as contas públicas e quando isso acontece já sabemos que coisa boa não vem por aí. O empresário em boa parte fica com receio de investir. Então é um ano ainda muito preocupante.

E 2026?
Então, 2026 é um ano de eleição, aí é como se o Brasil parasse para discutir a eleição. O Brasil ainda está rachado e distante da pacificação de suas correntes políticas, mas toda eleição gera uma expectativa, positiva ou negativa. Será um ano que a gente pode apostar que de uma forma ou de outra vai ter alguma mudança no país. Então, como eu falei, apesar de tudo, ser otimista faz parte do DNA do empresário.

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