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Artigo

3 de dezembro de 2023 – 7h00

Rodrigo Lira – Doutor em política, professor e pesquisador do programa de doutorado em Planejamento Regional e Gestão de Cidades da Universidade Cândido Mendes.

Foto: Silvana Rust

Dos 5.570 municípios brasileiros, pouquíssimos têm o privilégio de se considerar um Polo Universitário, e isso traz vantagens que vão além da atração de estudantes para alugar imóveis e consumir bens na cidade.

O maior potencial está na possibilidade de transformar a economia local com base na Inovação. Certamente nem todas as instituições de ensino superior tem esse compromisso com ciência e tecnologia.

Considerando a mercantilização do ensino superior no Brasil, a maior parte está em busca de aumento do número de alunos e faturamento. Diferentemente dessa categoria estão as universidades com programas de mestrado e doutorado atuando em pesquisas no território sob diversas perspectivas.

O município de Campos abriga 14 instituições de ensino superior, sem contar os polos com a modalidade EAD, mas somente quatro universidades oferecem cursos de mestrado e doutorado.

Ao todo, são 26 cursos de mestrado e 14 de doutorado disponibilizados pela UENF, UCAM, pelo IFF e pela UFF. Esse quantitativo só é menor do que o do Rio de Janeiro e de Niterói. Assim, entre os 92 municípios do estado, Campos figura como o terceiro maior em oferta de cursos stricto sensu.

Por que isso é relevante? Porque sinaliza uma importante vocação da cidade voltada ao desenvolvimento econômico com base em ciência, tecnologia e inovação.

Outros números reforçam essa condição diferenciada de Campos. Nos últimos editais da FAPERJ — fundação de amparo à pesquisa que estimula doutores a transformarem suas teses em negócios — o município obteve excelentes resultados, ficando em segundo lugar no estado em aprovação de projetos. Em novembro, o programa Centelha, também da FAPERJ, concedeu o primeiro lugar a um projeto de biotecnologia, fruto de uma tese de doutorado desenvolvida na UENF.

A Universidade Estadual do Norte Fluminense tem se destacado nessa área muito por conta da atuação do professor Gonçalo Apolinário, que, além de excelente pesquisador, tem visão de mercado e vem estimulando os alunos a desenvolverem o empreendedorismo.

A nova reitora, Rosana Rodrigues, acertou em cheio na nomeação do Gonçalo para a agência de Inovação. A ideia é esse modelo exitoso de transformar pesquisa em negócios ser replicado aos demais centros da universidade. Tal conjunto de bons resultados e perspectivas reforça o potencial da cidade para a Inovação, tendo sido destacado em diversos ambientes profissionais.

Em palestra recente na TEC Campos, o professor Maurício Guedes, fundador do Parque Tecnológico da UFRJ e que hoje ocupa a Superintendência de Inovação e Sustentabilidade do Governo do Estado do Rio de Janeiro, mencionou ser bastante favorável o cenário em Campos considerando o robusto ecossistema de inovação e empreendedorismo que se consolida, inclusive com a presença do Porto do Açu. Segundo o professor, a Inovação precisa virar questão de ordem e ser incorporada definitivamente nas pautas políticas locais.

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