.Opinião

Talvez a hóspede mais ilustre a passar pelo antigo Hotel Flávio tenha sido a História. Seus quatro pavimentos, com escadaria e fachada imponentes, tinham muito a dizer sobre o estilo de vida campista do século XIX, quando o prédio fora construído.

A escadaria não existe mais e a fachada está por um fio. Isso porque, em novembro de 2022, o imóvel foi tomado por um incêndio de grandes proporções. Começava ali a luta para salvar o que restou do Hotel Flávio, que já estava abandonado há muitos anos.

A reportagem especial desta semana traz detalhes do prédio tombado pelo tempo e pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico de Campos (Coppam). Traz, ainda, relato de Dona Rosely Maria Botelho Caldas, 74 anos, que viveu dos 4 aos 18 anos no antigo hotel, e que, inclusive, deu seu baile de debutante no local.

Assim como vários outros casos de prédios carregados de história e localizados no centro de Campos dos Goytacazes, o temor de historiadores é que o Hotel Flávio perca a luta de se manter de pé e dê lugar a mais um estacionamento.

O palacete, que foi da família do Visconde de Araruama — e agora pertence à Família Carneiro, radicada no Rio de Janeiro —, aguarda pacientemente o restauro de sua fachada, já que não sobrou mais nada em seu interior.

Acerta a Prefeitura de Campos ao tentar acelerar esta restauração, com a ideia de fazer as obras necessárias e lançar os custos na dívida ativa, pois os herdeiros do imóvel ainda não tomaram qualquer iniciativa neste sentido.
Como não há mais tempo para salvar o prédio, é melhor ter uma fachada oca de pé do que toda a história do imóvel no chão.

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