Propriedades estiveram ocupadas por famílias dos acampamentos Leonel Brizola I e II

As ocupações em duas propriedades rurais na localidade de Caxeta, em Campos, registradas entre a noite de domingo (30) e a madrugada de segunda-feira (1º), tiveram um desdobramento nesta terça (2). Após atuação da Câmara Nacional de Conciliação Agrária e da unidade correlata na Superintendência do Incra no Rio de Janeiro, as famílias que estavam na área concordaram em deixar os locais de forma pacífica.
As ocupações envolveram os acampamentos Leonel Brizola I e Leonel Brizola II. O primeiro grupo havia entrado na Fazenda Pedra Negra no fim da noite de domingo. Horas depois, outro grupo ocupou a Fazenda Maruim Amada, no km 104 da mesma região. Segundo a Polícia Militar, não houve registro de conflito.
A coordenação do Acampamento Leonel Brizola I havia afirmado, nas redes sociais, que os integrantes haviam sido comunicados a deixar a área onde estavam instalados anteriormente, o que teria gerado “insegurança e indefinição” para as famílias. O grupo informou que buscou apoio de entidades como a CONTAG e o Incra para garantir que os direitos dos acampados fossem preservados.
Já o Acampamento Leonel Brizola II relatou que participou de uma reunião com um representante do Incra, além de policiais militares, polícia rural e outras entidades. Segundo eles, havia um entendimento preliminar para cadastramento das famílias e continuidade das negociações entre a Fazenda Nacional e o Incra, que demonstrou interesse na área para fins de reforma agrária.
A novidade de terça confirma esse avanço. De acordo com o Incra, as famílias serão cadastradas para verificar se cumprem os requisitos de participação no processo de seleção do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA). Informou ainda que pretende adquirir a área por meio de adjudicação, o que permitiria destinar o imóvel ao assentamento de trabalhadores rurais.
Relato do grupo sobre a saída da Fazenda Maruim Amada
Em nota enviada ao J3News, integrantes do Leonel Brizola II afirmaram que deixaram a Fazenda Maruim Amada sob pressão policial.
“Concordamos em deixar a ocupação da Fazenda Maruim Amada porque fomos fortemente coagidos pelas forças do Estado. Sete viaturas da Polícia Militar e mais de 20 agentes armados estiveram no local, ameaçando agir caso permanecêssemos acampados. A Defensoria Pública do Estado estava a caminho, mas o comando da PM não quis aguardar a chegada da defensora para dar continuidade às negociações. Como entre nós havia crianças, idosos, mulheres, pessoas com deficiência e neurodivergentes, decidimos nos retirar para evitar um confronto violento com a PM, que já se preparava com aparato armado e spray de pimenta”, disse.
O grupo afirma que, ao retornar ao acampamento no km 106, recebeu a visita da Defensoria Pública e de um técnico do Incra, que iniciou o cadastramento das famílias. “Esse cadastramento continuou durante todo o dia 2 e segue sendo realizado hoje”, completou a comunicação.
Segundo os acampados, cerca de 110 famílias participam do movimento, incluindo crianças, idosos, mulheres, pessoas com deficiência e neurodivergentes. A principal demanda era garantir a permanência na área até que houvesse definição sobre a destinação das terras e a inclusão no cadastro do Incra.
O Incra informou que pretende adquirir a área por meio de adjudicação, o que permitiria sua destinação definitiva ao programa de reforma agrária.
A reportagem segue em contato com os representantes do acampamento Leonel Brizola I para atualização das tratativas.
