Procedimento realizado pela Drª. Maria Nagime combina diferentes métodos reconstrutivos

Um procedimento inédito de reconstrução mamária foi realizado em Campos dos Goytacazes pela médica mastologista Maria Nagime, no Hospital Dr. Beda. A cirurgia trouxe para a região uma técnica que até então só estava disponível em grandes centros e abriu novas perspectivas para o tratamento de mulheres que enfrentaram o câncer de mama. O caso exigiu a combinação de diferentes métodos reconstrutivos. O diferencial esteve na aplicação da lipoenxertia, associada ao sistema de filtragem Langstem, em uma mama previamente irradiada.
“Foi uma cirurgia de difícil solução, em que a lipoenxertia viabilizou o procedimento em uma pele que, até pouco tempo, seria considerada inviável”, explicou Maria Nagime. A mastologista destacou que a técnica utilizada faz parte da chamada medicina regenerativa.
“Nós utilizamos fatores de crescimento derivados da gordura, o que melhora a qualidade da pele e permite resultados que antes não eram possíveis”, disse. Segundo ela, a lipoenxertia já é usada pela cirurgia plástica em contorno corporal, mas ganha especial relevância na oncologia mamária.


Para Maria Nagime, o procedimento em Campos representa um avanço significativo para a medicina no interior fluminense. “Quando fiz residência em mastologia, sonhava em trazer para minha cidade o que houvesse de mais moderno. Hoje, podemos oferecer procedimentos semelhantes aos grandes centros”, afirmou. Ela ressaltou ainda que nada disso seria possível sem a estrutura tecnológica do Hospital Dr. Beda. “É preciso que haja investimento em tecnologia para que possamos realizar cirurgias de alta complexidade.”
A segurança da paciente começa no pré-operatório, com equipe multidisciplinar, e segue no acompanhamento pós-cirúrgico. “Além disso, a capacitação do cirurgião envolve pós-graduação, estágios em serviços de referência dentro e fora do país, e cursos práticos em técnicas específicas”, explicou.
A paciente que passou pelo procedimento já se recupera em casa. Nagime diz que muitas mulheres chegam à reconstrução depois de resultados insatisfatórios. “Algumas apresentam formatos desfavoráveis das mamas, o que exige novas cirurgias de refinamento ou reconstrução. A lipoenxertia é como um ‘Photoshop da mama’. Ela melhora a qualidade da pele e possibilita reconstruções antes impensáveis. Isso impacta diretamente na autoestima e na qualidade de vida das pacientes.”
Apesar das vantagens, a médica alerta que existem limitações. “Pacientes tabagistas ou com algumas comorbidades podem não ser candidatas ideais”, ponderou. Ainda assim, ela acredita que o avanço tende a se tornar referência em outras unidades de saúde do interior. “A região só tem a ganhar com novas tecnologias nesse cenário do câncer. Cada inovação amplia as possibilidades”, comenta.
Prevenção
Maria Nagime destacou a importância da prevenção. Em setembro, o Ministério da Saúde ampliou a faixa etária para realização da mamografia de rastreamento, agora indicada entre 40 e 70 anos. “Foi uma medida muito acertada. Estimativas mostram que 22% dos casos de câncer de mama no Brasil ocorrem em mulheres com menos de 50 anos”, afirmou.
Além do rastreamento, a médica reforça cuidados essenciais. “Visitas médicas regulares, atenção às alterações no aspecto da mama e a realização de exames de imagem são fundamentais. Para mulheres com histórico familiar, o ideal é uma avaliação personalizada e, se possível, até um teste genético.”, conclui.